também eram horríveis. Obviamente, isso justifica o tratamento dado a eles.
Alguns direitistas argumentam que, se as condições fossem assim tão ruins, eles voltariam para o campo, desiludidos. Pura mentira, pois na verdade eles foram forçados a migrar para as cidades, já que não sobrava muito mercado para produtos agrícolas, e muitas vezes o próprio governo os expulsava das terras. Chegando às cidades, eles enfrentavam a dificuldade de encontrar acomodações. Como as horas de trabalho eram longas, eles não podiam morar longe das fábricas. Isso gerou a superlotação das moradias, como oito famílias vivendo num único quarto, e
os altos preços. Surgiram as favelas e cortiços. As pessoas faziam sexo na frente de todos, inclusive crianças o que corrompia a moral. Como o salário de um único trabalhador não era suficiente para viver mais pagar o aluguel, a família inteira, filhos (muitas vezes com quatro anos ou menos) e mulheres eram obrigadas a trabalhar. Se o pai de família morresse ou se tronava inválido (devido aos acidentes causadas pelas condições perigosas das máquinas) eles eram condenados à fome e miséria. O número de órfãos pelas ruas era grande.
Crianças operárias: esfarrapadas e descalças.
Como a sociedade vitoriana, muito acertadamente, considerava esses órfãos como vagabundos, quase não havia caridade (esse sim é o verdadeiro cristianismo!) e muitas vezes a única alternativa era a prostituição. O que não fazia muita diferença, pois as mulheres, sendo obrigadas a trabalhar nas fábricas, já eram consideradas automaticamente como putas, pois mulheres não deveriam trabalhar fora. Logo, era preciso ser de classe média ou alta para ser uma pessoa virtuosa. Ó Glória!
Para desestimular o trabalho feminino, as fábricas pagavam menos às mulheres e às crianças. O efeito era exatamente o contrário, porque para sobreviver, mais membros da família eram obrigados a trabalhar por períodos mais longos. A rainha Vitória, grande mulher, baseada nos princípios criatãos, vetou a lei que exigia igualdade de salários. Que era virtuosa!
Além de terem condições insalubres, as fábricas eram sujas e mal ventiladas. Isso tornava os trabalhadores inválidos em poucos anos. Não havia qualquer tipo de seguridade social, nem aposentadoria, nem programas sociais. Valorizava-se o esforco individual e a poupança, o que quase nunca era possível pois os salários mal davam para se manter vivo. Durante muito tempo, não houve qualquer lei trabalhista, pois essa sim, era uma sociedade verdadeiramente liberal, onde a liberdade de explorar os menos favorecidos é absoluta e a realização individual vale mais do que qualquer outra coisa, mesmo se isso custar a vida dos outros. Quando elas surgiram, simplesmente não eram cumpridas: nada mais fácil do que explorar pessoas que precisam do emprego e não têm outra alternativa. Não havia qualquer consideração pela segurança dos trabalhadores, muitos caíam dentro das máquinas e morriam esmagados, ou tinham membros amputados, e ficavam impossibilitados de trabalhar. Se isso avontecesse, o operário não recebia qualquer socorro, e perdia o que já havia produzido no dia. A falta de horas de sono fazia com que eles caíssem no sono involuntariamente, o que aumentava o perigo de acidentes. Se houvesse atraso (isso era um problema, pois a maioria não podia adquirir um relógio), ou quebra das regras de disciplina, eles eram surrados. Alguns morriam nas mãos de seus supervisores. As mulheres não eram respeitadas, seus supervisores as obrigavam a oferecer "serviços", isso as tornava ainda mais putas.
A menina na frente é tão pequena que mal alcança a máquina.
Como não podiam ter relógios, os patrões os enganavam e os faziam trabalhar muito mais do que o combinado. O único intervalo do dia era de meia hora para o almoço. Idas ao banheiro eram controladas, se é que eram permitidas.
No caso de a pessoa não encontrar emprego (o que era comum em várias épocas quando a oferta era menos que a demanda, ou de
inventar alguma doença imaginária para não trabalhar, haviam as casas de trabalho forçado. Lá, os vagabundos trabalhavam ainda mais duro por nenhum salário. As famílias eram separadas, e as condições eram propositalmente cruéis, para que eles pensassem duas vezes antes de resolver serem vagabundos. As crianças eram roubadas e vendidas como aprendizes (i. e. escravas) para outras fábricas.
Idosas incapazes de trabalhar (inventando doenças) na casa de trabalhos forçados.
Crianças escravas.
Como vemos, a moral da época da Revolução Industrial era muito superior à nossa, a família era protegida e a propriedade
privada era sagrada acima de tudo. Esa sim era uma sociedade Cristã. Devemos lutar para que tudo volte a ser como naquela época.
Glória!